Não existe dose segura de exposição à radiação sob a ótica genética

A observação foi feita pelo Físico Nuclear e diretor Técnico da Fundacentro, Robson Spinelli Gomes, referendando o que determina a United Nations Scientific Committee on the Effects of Atomic Radiation (UNSCEAR), ou Comitê Científico das Nações Unidas para Efeitos em Radiação Atômica.

O Comitê coloca que “não existe uma dose ‘segura’ de exposição à radiação sob o ponto de vista genético, sendo que qualquer exposição à radiação pode envolver um certo risco de indução de efeitos hereditários e somáticos.”

Para Spinelli, que se contrapõe às diferentes visões de especialistas sobre doses seguras, da mesma forma que não existe uma dose segura, também não há risco zero ao se falar de radiação.

O tema sobre radiação e seus efeitos à saúde pública e do trabalhador foi abordado durante a realização da palestra “Radiações ionizantes – biossegurança radiológica em serviços de saúde – NR-32”, na manhã de 23 de março.

Spinelli destacou em sua palestra os efeitos nocivos da radiação, relembrando o acidente com o césio-137 em Goiânia, em 1987. Explanou sobre conceitos entre radiação ionizante e não-ionizante e fez um alerta aos participantes sobre o fotoenvelhecimento causado pela exposição solar, citando como exemplo, os trabalhadores da área rural.

Outro alerta feito pelo físico foi quanto ao uso de aparelho celular. “Já há pesquisas sobre tumores cerebrais associados ao uso demasiado de celular”, ressaltou Spinelli.

Além dos problemas relacionados ao uso do celular, o palestrante chamou a atenção para os técnicos que fazem manutenção nos equipamentos radiológicos e que devem observar a exposição ocupacional e reforçou a importância no uso de dosímetros para análise do nível de exposição ocupacional entre os médicos e profissionais da saúde que exerçam atividades de exposição à radiação.

O físico que participou como representante da bancada de trabalhadores e como representante técnico no Grupo de Trabalho da NR-32, vê como uma grande conquista a inserção do item que afasta a gestante de funções que envolvam radiação. Outro ganho, de acordo com Spinelli, foi o Plano de Proteção Radiológica, contido na NR-32.

Para o assessor da Presidência da Fundacentro e representante dos trabalhadores na CTPP, Maradona, que compôs a mesa de abertura, a elaboração da NR-32 foi construída em um sistema tripartite e a instituição teve um importante papel nessa construção.

Além da Comissão Nacional, há também as Comissões Regionais que, de acordo com Tereza Ferreira, assessora da Diretoria Técnica da Fundacentro e presente à mesa, têm atuado anualmente com a realização de palestras em todo o Brasil.

A radiação no ambiente hospitalar

Para falar sobre as medidas de prevenção adotadas no ambiente hospitalar, foram convidados os palestrantes, Albino Sampaio, médico do Trabalho e Auditor Fiscal do Ministério do Trabalho; Érica Lapa, Engenheira de Segurança do Hospital das Clínicas; Maria Cristina Durú Pardo, coordenadora do Hospital Sírio Libanês e a coordenadora da bancada dos empregadores na CTPR/32, Lucinéia Nucci.

Com 515 profissionais no departamento oncológico, o Hospital das Clínicas possui uma Comissão de Radioproteção e áreas supervisionadas e controladas por digitais e crachás, sendo que o departamento de medicina nuclear é o mais controlado.

De acordo com Érica, recentemente vem sendo implementado junto aos médicos relatórios de dosimetria e que esses profissionais passam por acompanhamento médico a cada 6 meses.

Já no Hospital Sírio Libanês, o dosímetro é avaliado por um físico e a manutenção dos equipamentos, realizada por colaboradores capacitados pelo próprio hospital e não por terceirizados.

Infrações

O Auditor Fiscal, Albino Sampaio mostrou em sua palestra, o número de autos de infração lavrados em estabelecimentos de saúde por norma regulamentadora, no estado de São Paulo, entre abril de 2014 e março de 2015, segundo dados do Sistema Federal de Inspeção do Trabalho (SFIT). De acordo com o médico, os números referentes ao ano de 2016 não puderam ser computados em razão do corte de autuações, impostas pelo Ministério do Trabalho.

A NR-32 foi a que teve o maior número de autos de infração: 278 em 77 empresas fiscalizadas, se comparada, por exemplo, à NR-7, que foram 87 autos em 63 empresas fiscalizadas, a NR-9, com 34 autos em 27 empresas fiscalizadas; a NR-5, com 32 autos em 28 empresas fiscalizadas; a NR-24, com autos de infração em 13 empresas fiscalizadas e a NR-17, com 6 autos de infração em 5 empresas fiscalizadas. “A NR-32 é apenas um segmento, mas todas as outras normas fazem parte de um mesmo ambiente hospitalar”, reforçou.

O auditor destacou que muitas infrações estavam relacionadas às radiações ionizantes, mas que a NR-32 não deve ser usada como proposta para avaliar a insalubridade, mas sim, focar nas diretrizes básicas para proteção.

Recomendações:

No encerramento do evento, o diretor Técnico da Fundacentro fez algumas recomendações de prevenção.

Uma delas seria a criação de um hospital para atender radioacidentados, pois não há no Brasil instituição voltada a atender esse público.

Outro ponto defendido pelo físico é a capacitação que deve ser oferecida aos profissionais de limpeza, expostos a radiações e, em muitas ocasiões, a produtos químicos.

A redução de jornada também poderia contribuir para a prevenção entre os profissionais de saúde. Spinelli coloca que muitas vezes esse profissional trabalha em vários estabelecimentos, assumindo de 3 a 4 jornadas, o que dificulta a análise da exposição ocupacional.

 

Fonte: http://www.fundacentro.gov.br/noticias/detalhe-da-noticia/2017/3/nao-existe-dose-segura-de-exposicao-a-radiacao-sob-a-otica-genetica-reforca-fisico-nuclear

 

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